Não vá, seja enviado!

Percebo que cresce o número de missionários que desejam caminhar de forma independente, sem serem enviados por uma igreja local e sem prestar contas a alguma liderança. Há também igrejas que não dão atenção ao envio missionário ou não desejam participar deste processo.

Parece-me que a Bíblia dá clara importância ao processo do envio missionário, coordenado por Deus e envolvendo tanto a igreja quanto os vocacionados. Em Atos 13, nos versos 1 a 4, lemos que a igreja em Antioquia estava orando e jejuando quando ouviu a voz do Espírito Santo e impôs as mãos sobre Paulo e Barnabé para que chegassem aos gentios.

O verso 1 fala sobre aqueles que eram reconhecidamente líderes na igreja em Antioquia. O verso 2 destaca que Paulo e Barnabé “serviam ao Senhor”, demonstrando que possuíam vida com Deus e testemunho entre os irmãos. Logo depois, declara que o próprio Espírito Santo falou com a igreja para que os separasse “para a obra a que os tenho chamado”, que era a evangelização dos gentios.

Não sabemos como a igreja ouviu a voz do Espírito, mas a Palavra esclarece a sua postura de busca, oração e submissão ao ouvi-la. O verso 3 afirma que a igreja (possivelmente os líderes) impôs as mãos sobre Paulo e Barnabé e os despediu. Despedir, do grego apoluo, significa “não reter”, ou seja, soltar as amarras ou abrir a porta para que alguém saia. O verso 4 narra que eles, enviados pelo Espírito Santo, logo seguiram para Chipre cumprindo a missão.

A declaração de que foram “enviados pelo Espírito Santo” não exclui a igreja ou os missionários deste processo, ao contrário, os inclui. Enviar, do grego ekpempo, significa “fazer sair”. A figura nos versos 3 e 4 é da igreja abrindo a porta e do Espírito Santo fazendo Paulo e Barnabé saírem. Assim, a narrativa do texto demonstra que todo o processo de enviar e ser enviado se deu na igreja de Deus (v 1), foi elaborado pela iniciativa de Deus (v 2), conduzida na relação com Deus (v 3) e finalizada por Deus (v 4). O papel da igreja ao enviar, e do missionário a ser enviado, portanto, é fazer a vontade de Deus.

A imposição de mãos possuía um significado específico entre judeus, romanos e gregos no primeiro século. Era um sinal de autoridade, reconhecimento e cumplicidade. Havia, portanto, compreensão de um forte vínculo de relacionamento entre a igreja enviadora e os missionários enviados.

Ao vocacionado ao ministério, aconselho: não vá, seja enviado. Envolva-se com sua igreja local a fim de que o seu chamado e dons sejam reconhecidos, a voz do Espírito seja ouvida e você seja enviado pela igreja e como parte da igreja.
Aos pastores e líderes, aconselho:  não retenham aqueles que Deus tem chamado. Envie-os em nome de Jesus para que o evangelho de Jesus seja proclamado e o Seu Nome glorificado.

Que andemos juntos, os que enviam e os que são enviados, para que, pela graça e misericórdia de Deus, a mensagem do evangelho se espalhe chegando a todos os povos da terra.

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Ronaldo Lidório
É pastor presbiteriano e missionário ligado à Agência Presbiteriana de Missões Transculturais (APMT) e à WEC Internacional. Atuou por nove anos no noroeste africano, entre o povo konkomba-bimonkpeln, como plantador de igrejas e tradutor do Novo Testamento. É autor de 15 livros, entre eles Introdução à antropologia missionária e Comunicação e cultura, publicados por Edições Vida Nova.

Existem povos não alcançados no Brasil?

Muitas vezes o uso constante de algumas expressões acaba por nos distanciar do peso de seu real significado. Isso acontece quando nos referimos corriqueiramente às Escrituras como “Palavra de Deus” sem de fato considerarmos que neste livro o próprio Deus fala com seu povo, usando suas próprias palavras. O mesmo ocorre com o termo “Povos Não Alcançados” tão usado na missiologia e diluído na prática diária da igreja. De tanto ouvirmos essa expressão nos últimos anos acabamos por não assimilar de fato que ainda hoje existe povos que nunca ouviram falar de Cristo e de seu amor.

Um bom exemplo de Povo Não Alcançado é a tribo isolada que foi avistada no final de 2016 por um fotógrafo que sobrevoava a floresta amazônica, próximo à fronteira do Acre com o Peru. Por causa de uma tempestade seu helicóptero precisou fazer um desvio de rota. Foi quando ele se deparou com um aldeamento no meio da mata. “Depois da chuva, a gente voltou e viu umas malocas feitas de palha. A gente estava voando muito rápido, mas vimos plantações e decidimos voltar. Encontramos a tribo e eu comecei a fotografar”[1] relata.

Índios do Maitá – Tribo isolada fotografada em 2016

Apesar do sobrevoo de apenas sete minutos o povo – identificado como Índios do Maitá – se assustou com a aproximação da aeronave e passou a disparar várias flechas para tentar afugentá-los. O curto tempo foi suficiente para algumas observações da tribo. Um sertanista da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) que também estava na viagem identificou que aquela aldeia é composta por aproximadamente 300 pessoas; as mulheres usam saiotes de algodão tecido e os homens são carecas da metade frontal da cabeça e tem o cabelo comprido na parte de trás; os índios são altos e foram identificadas plantações de milho, banana, mandioca e batata. No sobrevoo não foram detectados nenhum objeto ou quaisquer outras características que mostram alguma influência ou contato com pessoas da cidade.

Os Índios do Maitá são considerados isolados[2], mas a FUNAI já tinha conhecimento de sua existência e localização desde 2008. Um fator que torna difícil seu contato é a floresta extremamente densa e seu constante deslocamento. Segundo o sertanista eles mudam de aldeia a cada 5 anos: “Eles ficam em uma aldeia e depois mudam ela para dois ou três quilômetros adiante” informa.[3]

Povo Sapanawa – teve seu primeiro contato com não-indígenas em 2014

Outro exemplo de Povo Não Alcançado no Brasil é o povo Sapanawa. O belíssimo documentário “Primeiro Contato: Tribo Perdida da Amazônia”, dirigido por Angus Macqueen e disponível na Netflix, registra o primeiro contato deste povo com os não indígenas na fronteira do Brasil com o Peru em junho de 2014. Um ano depois desse primeiro contato toda a tribo – composta por 35 pessoas ao todo – veio se estabelecer em terras brasilis.

É espantoso o fato de que ainda hoje, em plena segunda década do século XXI ainda exista povos isolados e, consequentemente, inalcançados com a mensagem do evangelho. Mais espantoso ainda é ver alguns cristãos se apropriando do discurso da academia, defendendo o isolamento e o não-contato com indígenas como os do Maitá, valorizando seu status quo em detrimento de seu destino eterno.

Números

Segundo uma pesquisa realizada pelo Departamento de Assuntos Indígenas (DAI) da Associação de Missões Transculturais do Brasil (AMTB) e publicada em 2010, das 340 etnias indígenas reconhecidas em nosso país 27 delas são completamente isoladas e 10 são parcialmente isoladas. Além disso ainda há outras 35 etnias que estão em risco de extinção (por terem menos de 35 indivíduos). [4]

Apesar deste texto focalizar a necessidade de evangelização entre povos indígenas isolados, não quero dar a entender que estes são os únicos povos não alcançados no Brasil. No 7º Congresso Brasileiro de Missões a AMTB apresentou a realidade dos 8 povos menos alcançados no Brasil.

Os povos indígenas – que encabeçam esta lista – incluem não apenas indígenas isolados, mas também etnias que já foram contatadas de alguma forma. Segundo a pesquisa do DAI-AMTB[5] das 340 etnias existentes no Brasil, 121 delas são pouco ou não evangelizadas. Destas, 74 tem acesso viável, com permissão para entrada ou possibilidade geográficas de alcance. O que faltam são cristãos dispostos a servir ali.

A pesquisa do DAI-AMTB identificou a necessidade de se levantar 500 novos missionários[6] para completarmos a tarefa da evangelização indígena no Brasil. Esse número não parece ser difícil de alcançar se considerarmos a quantidade de igrejas evangélicas em nosso país.

A tarefa é urgente

A verdade, porém, é que a igreja brasileira só vai entender a urgência da sua tarefa missionária se conseguir olhar para os “Povos Não Alcançados” da perspectiva do próprio Cristo. “‘Fazei discípulos de todas as nações’, disse Jesus. Como Senhor do céu e da terra, Jesus estava mais consciente da absoluta magnitude de ‘todas as nações’ do que qualquer um de seus discípulos poderiam estar. A partir do Antigo e Novo Testamentos, sabemos que Deus não ficará satisfeito até que os confins da terra tenham ouvido a boa-nova de sua grandiosa obra de redenção e que Jesus tenha discípulos entre todos os povos.”[8]

 

FONTE: Ultimato

Notas
[1] http://www.bbc.com/portuguese/brasil-38399604
[2]
 Para a FUNAI, “são considerados índios isolados os que vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e vagos informes”. (Lei nº 6001, de 19/12/1973, art nº4)
[3] http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2016/12/fotos-revelam-novas-caracteristicas-de-indios-isolados-na-fronteira-do-acre.html
[4]
 Relatório Indígenas do Brasil, DAI-AMTB (2010),  p.6.
[5] Relatório Indígenas do Brasil, DAI-AMTB (2010),  p.18
[6] Relatório Indígenas do Brasil, DAI-AMTB (2010),  p.15
[7] http://www.ultimato.com.br/conteudo/quem-sao-os-menos-evangelizados-no-brasil
[8] Christopher Wright, A Missão do Povo de Deus, p.343-344

• Héber Negrão é paraense, mestre em Etnomusicologia e casado com Sophia. Ambos são missionários da Missão Evangélica aos Índios do Brasil (MEIB)e da Associação Linguística Evangélica Missionária (ALEM). Residem em Paragominas (PA) e trabalham com o povo Tembé.

Inclusão e Missões

 

Como falar de Educação, missões e não falar de inclusão? Vive-se num mundo onde as pessoas estão fechadas nos seus grupos e pensam nos seus próprios interesses. A Doutora e Educadora Maria Teresa Mantoan diz que: “A inclusão é a diferença e não a pessoa diferente. Quando incluímos fazemos a diferença na vida do indivíduo.” Inclusão é acolher e missões faz isso, acolhe.

O apóstolo Paulo na sua carta aos Filipenses no capítulo 2, verso 4, chama a atenção para o viver inclusivo e se posiciona desta forma: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.” Viver uma Comunhão entre irmãos, caracterizada pela mesma forma de pensar, pelo mesmo amor, em um só espírito (unidos de alma, em harmonia) e atitude; precisa estar de acordo, em comunhão com o Espírito.

Jesus é o maior exemplo de inclusão, ele traz para perto as crianças, como diz no Evangelho de Jesus segundo escreveu Mateus no capítulo 19, verso 14: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”. Ele escolhe 12 homens bem diferentes para treinar: pescador, médico, cobrador de impostos… “E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos:” Lucas 6:13.  Segundo os evangelhos, Jesus realizou ao redor de 40 milagres notórios. Deles todos, pelo menos 21 são relacionados a pessoas com os mais variados tipos de deficiências físicas ou sensoriais e doenças crônicas.  Esse é o mesmo Jesus que veio para os Judeus, os eleitos, e eles o rejeitaram. Os gentios foram inclusos no plano de salvação, por isso, existem missionários por todo mundo falando desse amor. No mundo missionário, todos podem fazer parte, o indivíduo e sua síndrome, transtorno e deficiência. O evangelho é múltiplo. Os missionários acolhem as suas culturas e costumes, e por onde passam, às vezes são acolhidos. E disse-lhe o Senhor: Quem fez a boca do homem? ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor? Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar. Êxodo 4:10-12

Na educação escolar, os educadores, lutam por uma escola onde todos possam ter direito de frequentar. Um lugar onde a criança, o adulto e ancião possam se sentir parte daquele ambiente. “A inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não atinge apenas alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. Os alunos com deficiência, constituem uma grande preocupação para os educadores inclusivos. Todos sabemos, porém, que a maioria dos que fracassam na escola são alunos que não vêm do ensino especial, mas que possivelmente acabarão nele!”  (Mantoan, 1999).

Incluir, é um grande desafio que requer amor, esforço, visão, dedicação e atitude! 

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Mauricia Mendes
Missionária atuante no Continente Africano, país Guiné-Bissau, na cidade de Bafatá. Pedagoga, psicopedagoga, Educadora Cristã, Professora de Apoio Especializado.

Fonte de Pesquisa:
Bíblia Missionária de Estudo, INCLUSÃO ESCOLAR O QUE É? POR QUÊ?  COMO FAZER? Autor(a), MANTOAN, Maria Tersa. ISBN, 9788532309990. Edição / Ano, 1/2015. https://www.youtube.com/watch?v=wgJ2Qwy61N8&t=242s A EDUCAÇÃO ESPECIAL na Perspectiva da INCLUSÃO ESCOLAR:  A Escola Comum INCLUSIVA https://www.youtube.com/watch?v=4EnqmryCye4&t=3317s  Educação inclusiva: o desafio das diferenças nas escolas

Projeto Keru Jamm

PRECISAMOS URGENTE DE UM TRANSPORTE.

Keru Jamm, é um projeto Missionario no Senegal que acolhe crianças vulneráveis, órfãos de pai ou mãe e vem de várias partes do país.

O projeto Keru Jamm (Casa de paz) é mantido por ofertas voluntárias e é coordenada pelos pastores Messias e Ray que cuidam de 66 crianças e adolescentes.

 

As crianças vivem como uma família e tem uma rotina diária. Elas têm amor, atenção, educação, alimentação, aulas de inicialização musical, reforço e alfabetização além de orientação espiritual para viverem uma vida íntima com Deus.

Recebemos uma proposta para comprarmos um carro de 14 lugares que pertence a outra instituição. Esse carro nos ajudará bastante nas demandas da casa como fazermos as compras e usarmos como transporte escolar das crianças menores.

Esta campanha é um passo de fé diante do momento em que o mundo vive economicamente. A crise não pode deter a missão de Deus. Contribua com fé e alegria, abençoe a vida destas crianças.

PIX ITAÚ: CNPJ: 59 570 143 0001 81
BRADESCO: Ag.: 0837 | C.c: 59650-7.
Kairós Associação Para Treinamento Transcultural

IMPORTANTE: Envie comprovante com o nome PROJETO KERU JAMM para: +55 11 94357-3450 (whatsapp do Mantenedor).