Acordo cedo e me preparo para encarar o ônibus lotado de São Paulo-SP para ir ao escritório. Meu trabalho é organizar a recepção de uma base missionária. Telefonemas, e-mails, redes sociais, campainha na porta e reuniões programadas (ou não) são recebidas por mim. A base existe para buscar soluções concretas para questões práticas, vocacionais das pessoas: chamado missionário, quebrantamento, vocação, envio, logística etc.
Eu preciso também, além do trato com pessoas, preparar o café, arrumar a mesa da reunião, preparar o kit de divulgação para o preletor da Kairós que vai às igrejas e abastecer o escritório no supermercado. Sou eu também que ligo para o responsável pela manutenção do computador, que precisa parar tudo para ir comprar mais tinta para a impressoras e pego fila para reclamar da empresa de telefonia no Procon.
O obreiro lá no Nepal precisa oração, porque fará uma cirurgia de emergência: eu mobilizo a rede de intercessão e acompanho a situação para informar a todos. Eu encontro psicólogo para atender online a obreira em depressão e síndrome do pânico no Camboja. Nem percebi, mas já são 17:30. Era para eu estar no ônibus voltando para casa, mas hoje mal tive tempo de almoçar e as finanças estão apertadas como a própria agenda. Melhor comer um sanduiche caseiro, que trouxe na bolsa e apressar o passo, antes que congestionamento me segure por horas.
Quase no portão, toca o telefone. Volto e atendo uma irmã quer os dados de um missionário para contribuir financeiramente. Mas, ela ressalta enfaticamente: “tem de ser missionário de verdade, que esteja no campo tá irmã”. Respondo com um “sim” constrangido, me sentindo uma missionária de mentira.
(Baseado em fatos mais reais do que você imagina)
Daniela Xavier
Coordenação de Comunicação e Mobilização de Igrejas
Missão Kairós
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